A idéia de registrar pensamentos, experiências, fatos, num diário é antiga. Mas fazer esse diário de acesso público é uma coisa que só o milagre da internet permitiu. É um desafio interessante. Um diálogo com alguém, qualquer um, todos. Mais provavelmente, ninguém ou muito poucos. Quem é que tem algo interessante a dizer?
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Jóia (meio) esquecida
Tem artigo que a gente escreve e sabe que é interessante. Mas às vezes ele "pega" e às vezes não. Isso aconteceu com o artigo que escrevi (co-autorado por Cesar Victora) propondo o IEN - um indicador econômico baseado em bens domésticos, parecido com aquele usado pela ABEP (ex-Abipeme) e muito popular entre os epidemiologistas.
A idéia é boa - Dave Gwatkin uma vez me disse: "Como é que não fui eu quem pensou nisso?". Mas não "pegou". A sacada é usar bens domésticos que são registrados pela amostra do Censo Demográfico. Como essa amostra é enorme (uns 12% dos domicílios do país), é possível calcular a distribuição do IEN para regiões, estados, e mesmo municípios. No artigo, apresentamos os decis para regiões, estados e capitais. Ou seja, tendo coletado os dados e calculado o indicador para os domicílios da amostra, você pode classificá-los nos décimos (ou quintos) da população de referência que quiser. Por exemplo, o indicador foi criado para classificar uma amostra de domicílios de áreas PSF de Porto Alegre. Com a referência municipal em mãos, pude classificar a amostra dentro dos quintos de referência para Porto Alegre e obtivemos o seguinte resultado:
Ou seja, pudemos concluir que os domicílios em áreas PSF eram mais pobres do que o conjunto dos domicílios da cidade como um todo. Mais de 35% dos domicílios em áreas PSF pertenciam aos 20% mais pobres da cidade. Sem o IEN, eu ia precisar de uma amostra do resto da cidade para poder comparar. Como se tem referências para outros níveis geográficos, eu poderia ver como é que essa amostra está em relação ao conjunto do estado, ou do país.
Muita gente me pergunta porque não usar o indicador da ABEP que é mais conhecido. A questão é que com ele só dá para calcular percentis internos à amostra ou classificar nos grupos A-E que foram criados para direcionar propaganda. Além disso, a pesquisa que origina o indicador da ABEP cobre apenas as regiões metropolitanas do país.
Se você quiser usar o indicador, eu tenho um material prontinho - questionário, instruções para calcular e instruções para classificar nos percentis. Os pontos de corte estão no artigo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário