quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O FUTURO CHEGOU PARA A INDÚSTRIA FONOGRÁFICA



Parece que as gravadoras estão descobrindo o óbvio: que dá mais lucro vender música direto e que tem um monte de gente disposto a pagar pela música que ouve. Assim é que as gravadoras de música clássica Deutsche Grammophon, Linn Records, e agora Hyperion estão vendendo seus discos - lançamentos, arquivo e até discos esgotados - em formato digital. Tem também o sítio Classics Online onde dezenas de gravadoras disponibilizam suas músicas. Entre as mais conhecidas estão a Naxos, Nimbus, Marco Polo, Harmonia Mundi.

Pra quem mora no Brasil e tem acesso a um limitadíssimo catálogo de música clássica e não quer dar prejuízo pro seu artista preferido, agora dá para comprar as músicas sem pagar uma fortuna de frete e imposto. As gravadoras estão disponibilizando as músicas em formato MP3 de alta qualidade (320Kbps), FLAC (sem perda de qualidade em relação ao CD), ou mesmo em qualidade de estúdio (FLAC de gravações em 88.2kHz, 96kHz ou 192kHz). A DG também oferece, pela bagatela de US$0,99 acesso ao álbum completo por uma semana, para ouvir online. O valor é abatido do preço do disco se você resolver comprar o álbum completo.

Se você tem interesse, pode começar pelo disco fantástico de Sonatas e Partitas de Bach para violino solo pela jovem russa Alina Ibragimova. Festejadíssimo pela crítica, o disco é o segundo da violinista que parece que vai longe. Também, com essa carinha!

BOLSAS PQ E A SAÚDE COLETIVA



A distribuição de bolsas PQ sempre dá o que falar, com gente se sentindo injustiçada e gente feliz da vida porque ganhou a bolsa. Mas os relatórios do comitê não são divulgados pelo CNPq e acaba faltando informação para a comunidade científica.

Assim, minha idéia é fazer aqui um relato sucinto do processo e dar uma idéia do tamanho da demanda e do percentual de pedidos qualificados que são atendidos no processo. Veja que essa é uma análise rápida dos dados disponíveis e que tem o intuito de dar uma idéia da questão e não ser 100% acurado. A limpeza final dos dados no seu conjunto levaria um tempo que este aqui não tem à sua disposição.

Em breves palavras, o julgamento das bolsas PQ envolve gente que já tem a bolsa e pede renovação e pedidos novos (a menos de quem já tem a bolsa e se esquece de renovar, coisa que tem sido uma “grande” fonte de bolsas novas). Há nos critérios uma definição da produção típica dos bolsistas 1 e 2 e critérios de desempate. Como sempre, o CNPq não prepara para o comitê um relatório com os dados compilados, e cada candidato tem que ser analisado individualmente. Para melhorar essa situação e ter uma visão do conjunto, este ano conseguimos uma planilha com a produção de artigos e compilamos uma tabela para cada solicitante, com o número de artigos por cada categoria Qualis (a classificação antiga, de Internacional-A, etc.) publicados nos últimos 10 anos. A partir destes dados calculamos uma pontuação de artigos baseada na fórmula:


onde IA, IB, IC, NA são os números de artigos em cada categoria. Para livros, computamos pontos da seguinte forma: livros inteiros, 200 pontos (duas vezes um artigo IA), capítulos, 100 pontos. E limitamos a 200 pontos a participação em um único livro tipo coletânea – ou seja, quem escreveu mais de dois capítulos em uma mesma coletânea ganhou 200 pontos. Foram computados livros publicados de 2005 em diante. Finalmente, não levamos em conta livros ou capítulos que se caracterizavam como didáticos – a partir do título e da editora e nem publicações sem ISBN. O cálculo de pontos de livros foi feito somente para a sub-área de Saúde Pública/Medicina Preventiva e não para Epidemio.

As decisões sobre atribuição de bolsas levaram em conta a pontuação dos candidatos, sendo que pontuações próximas foram tratadas como empates e o desempate feito com base nos critérios definidos pelo comitê e disponíveis no sítio do CNPq. Ou seja, a pontuação serviu de guia, mas não foi o que definiu o resultado final. As sub-áreas Epidemio e Saúde Pública/Medicina Preventiva (que vou chamar daqui para frente só de Saúde Pública, por que é a esmagadora maioria) foram avaliadas independentemente.

Em resumo, a tal pontuação leva em conta a produção em artigos dos últimos 10 anos (de 1999 em diante) e, para a Saúde Pública, somou-se a pontuação de livros dos últimos 5 anos. Para facilitar o entendimento, os pontos foram transformados em número equivalente de artigos IA, dividindo a pontuação por 100.

A demanda
Tivemos 231 pedidos de bolsa na Saúde Coletiva (cerca de 300 se incluímos a nutrição, que faz parte do comitê). Destes, 79 já eram bolsistas, 152 eram novos pedidos. A Tabela 1 mostra os números por sub-área.

Nem todos os pedidos novos foram considerados competitivos. No julgamento, foi feita uma análise individual, mas aqui, para dar uma idéia geral considerei não competitivo o candidato com menos de 10 equivalentes IA. Na Epidemio tivemos 43 candidatos competitivos (88%) e na S. Pública, 80 (78%).

No final, tivemos 13 bolsas novas no comitê, mais cinco bolsistas 1 e três bolsistas 2 que não pediram e renovação. Ainda mais 5 bolsistas da SP e 1 da Epidemio que perderam a bolsa por apresentar produção muito abaixo do conjunto da demanda. De forma que pudemos atender 20 pedidos novos na Saúde Coletiva, 12 para a SP e 8 para a Epidemio. Assim, da demanda competitiva das sub-áreas, deixamos de atender 16 (67%) da Epidemio e 44 (79%) da SP. Ou seja, seriam necessárias mais 60 bolsas para atender integralmente a demanda qualificada.

Comparação da produção
Para entender melhor como se distribuem as bolsas e a produção científica por nível de bolsa e área, fiz um gráfico (veja a Figura 1) comparando as médias de produção em equivalentes de artigos IA. Lembrando, temos a produção dos últimos 10 anos de artigos para a Epidemio e isto mais 5 anos de livros para a S. Pública. Na Epidemio, há um gradiente claro na média da produção, bem dentro daquilo que se esperaria. A média vai de cerca de 25 artigos equivalentes IA entre bolsistas PQ-2 até quase 80 entre os PQ-1A. Na Saúde Pública, a relação não é tão arrumadinha.

Isso nos leva aos comentários finais sobre a distribuição das bolsas. O que vem acontecendo é que as novas cotas são para bolsa PQ-2. Novas bolsas 1 acabam aparecendo principalmente por não solicitação de renovação ou alguns rebaixamentos ocasionais. Além disso, neste julgamento, fomos informados de que o percentual de bolsistas 1A não deve ultrapassar 10% do total de bolsistas 1, sem prejuízo da cota existente. A conseqüência disso é que a progressão para o nível 1A ficará basicamente na dependência de saída dos bolsistas atuais, visto que temos 30% dos bolsistas 1 no nível 1A. O mesmo é verdade para bolsistas 1, em geral. Esse processo leva a discrepâncias na distribuição da produção, visto que pesquisadores com crescente produção não têm como progredir e acabam “inflacionando” a média do seu nível. A distribuição final das bolsas julgadas este ano aparece na Tabela 2.

A falta de bolsas suficientes e a conseqüente dificuldade na progressão ou ingresso no “sistema” é ruim para os pesquisadores, que se frustram ao não ver seu progresso reconhecido na forma da bolsa. Mas também uma grande saia justa para o comitê, que tem que tomar decisões que ficam na dependência das bolsas disponíveis e das resoluções do CNPq – questões nas quais o comitê não tem ingerência alguma. Para terminar, esse tipo de avaliação do processo deveria ser feito pelo comitê e publicado pelo CNPq. Como este não tem publicado os relatórios em seu sítio, montei este apanhado. Como já disse, ele não tem a pretensão de ser completo nem 100% exato. Mas sim, apresentar um quadro geral da situação das bolsas PQ na Saúde Coletiva.

domingo, 1 de novembro de 2009

Picasa reconhece a tua cara!


A nova versão do Picasa - gerenciador de fotos do onipresente Google - além de ser gratuita, editar fotos, enviar pro blog, etc. etc., agora também tem um reconhecedor de rostos. Já viu filme de ação com as pessoas sendo reconhecidas pelas câmeras de segurança. Parece isso! Você vai dizendo quem é cada cara e as outras da mesma pessoa vão sendo reconhecidas por semelhança. Impressionante!

E esse aí da foto ao lado - vc reconhece sem a legenda???

sábado, 31 de outubro de 2009

Tirando as fraldas


Quem diria? Mas tem hora certa pra tirar as fraldas do moleque, e eu co-autorei. A idéia é da Denise Mota, que como pediatra e nefrologista vê com preocupação a falta de orientação para as mães. Os pediatras não se ligam no assunto e há pouca literatura no Brasil. O livro é uma proposta de trazer informações atualizadas para as mães (e pais!) de uma forma muito simples e divertida. O livro vale por dois: se lê de uma lado para os meninos e de outro para as meninas.

As ilustrações são muito bonitas e se torna um material para ler com a criança, parte do processo de treinamento para encarar aquele vaso com turbilhão. Criança tem medo mesmo. Muita conversa, uso de adaptador de assento e um apoio para os pés (quando se usa o vaso) são as chaves do processo. Além de saber a hora certa, claro! O livro tem distribuição ainda limitada. Mas se vc se interessar pode entrar em contato direto com a Denise por email.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Profissão gari - para pós-graduados?


Deu na

Folha Online

22/10/2009 - 10h06

Concurso para garis atrai 22 mestres e 45 doutores no Rio

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da Folha de S.Paulo, no Rio

Com inscrições abertas desde o dia 7, o concurso público para a seleção de 1.400 garis para a cidade do Rio já atraiu 45 candidatos com doutorado, 22 com mestrado, 1.026 com nível superior completo e 3.180 com superior incompleto, segundo a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana).

Para participar do concurso, basta ter concluído a quarta série do ensino fundamental. As inscrições terminam amanhã.


Será que a vida está tão difícil assim no Rio? Ou será que a formação graduada e pós-graduada virou só papel? Veja o que diz um estudante de história:

"Disseram que eu era maluco, que eu ia ficar fedendo a lixo... Mas a faculdade hoje não garante emprego nem estabilidade para ninguém. Eu quero segurança"
Me preocupa o valor do ensino superior. Apesar da Capes, tem doutor querendo ser gari. Se nem o doutorado (às vezes) forma um profissional desejado e com bom mercado de trabalho é por que tem alguma coisa errada.

Como orientador de pós e como examinador de muitas teses e dissertações, acho que nos falta rigor. Em muitos programas de pós-graduação é mais difícil entrar (a seleção é super disputada) do que sair (já que reprovação em defesa de tese é algo que ainda não vi).

Será que não estamos "doutorando" futuros garis? O investimento que está sendo feito no Brasil para aumentar a oportunidade na pós é grande. E como todo recurso público deveria ser muito bem aproveitado. De preferência formando as cabeças que vão transformar nosso país num lugar onde seja difícil encontrar candidatos a gari por que há melhores oportunidades para todos. Mas, quando o dinheiro da pós é gasto de forma simplesmente a outorgar um título (de papel e não de mérito) que vai aumentar o salário de um funcionário público (o docente com doutorado ganha mais), aí, então, esse gasto é dobrado...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Julgado o Edital Universal 2009



Nesta semana, de segunda a quarta-feira, o comitê assessor de Saúde Coletiva e Nutrição esteve reunido em Brasília para o julgamento do Edital Universal de 2009. Foram mais de 350 projetos submetidos – veja na tabela 1 o número de projetos por faixa e por área. Muito trabalho e muita responsabilidade para os 7 membros presentes (Everardo Nunes, coordenador, Cláudia Travassos, Celina Martelli, José Eluf Neto, Rosely Sichieri, Ana Marlucia Assis e eu).

No total, 42% dos projetos com nota igual ou maior a sete foram recomendados (cerca de 150 projetos). Os valores totais solicitados e os valores recomendados pelo comitê estão na tabela 2. Os projetos recomendados somaram quase 7 milhões de reais. Só que o recurso disponibilizado pelo CNPq para o comitê como um todo foi de 2,8 milhões – ou seja, menos da metade dos projetos recomendados serão efetivamente contemplados com recursos. O valor disponibilizado foi praticamente igual ao do ano passado e o número de projetos financiados deve ficar em torno de 57 (15, 21 e 21 em cada faixa).

Pelas discussões do grupo ficou claro que dois foram os erros mais comuns que geraram cortes nos orçamentos propostos. O primeiro, solicitar passagens e diárias para participar de eventos. O CNPq orienta os comitês que aceitem passagens e diárias apenas para viagens relacionadas à execução do projeto de pesquisa (reuniões de trabalho, visitas de campo, etc). O segundo, alocar recursos para pagamento de terceiros, PF, na forma de remuneração mensal por um período prolongado. Todo serviço a ser realizados por terceiros deve ser apresentado na forma de tarefas, com o respectivo valor. Por exemplo, realização de 3000 entrevistas a R$ 10 cada. E não 10 entrevistadores por 5 meses a R$ 600 por mês. Pode parecer “semântica”, mas é como é.

A despedida dos dois membros veteranos do comitê (Everardo e Cláudia) foi devidamente celebrada no bistrot de Daniel Briand, ao sabor de queijos, pães e vinhos. Agora aguardamos a indicação dos novos membros, que deve acontecer ainda antes da reunião para julgamento das bolsas PQ, que acontece em novembro.
Nota: Os números apresentados aqui são aproximados, em função da forma como foram coletados, e podem não bater exatamente com os relatórios e dados a serem divulgados pelo CNPq – mas representam uma aproximação bastante boa da realidade. Os comentários são de total responsabilidade do autor, não sendo o texto manifestação do CNPq ou do comitê.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Carlos Augusto Monteiro recebe o Prêmio Thomson Reuters de Produtividade e Impacto Científico


Grande satisfação em ver o amigo Carlos Monteiro recebendo o Prêmio Thomson Reuters de Produtividade e Impacto Científico! O artigo responsável pelo prêmio é "Is obesity replacing or adding to undernutrition? - Evidence from different social classes in Brazil", publicado em 2002 na Public Health and Nutrition, que conta com 60 citações no Web of Science (Thomson/ISI) e 63 na base Scopus. Pra quem ficou curioso, o artigo conclui
Undernutrition in young children is being controlled in Brazil without evidence of increasing obesity. However, obesity is rapidly replacing undernutrition in most gender, region and income strata of the adult population. Adult obesity is already more frequent than adult undernutrition in the more economically developed region, among all higher-income groups, and also among lower-income women living in the more developed region. These lower-income women are significantly more exposed than their higher-income counterparts to both undernutrition and obesity.
Vale a pena a leitura da peça completa. Mas esse não é, de longe, o artigo mais citado do Carlos. Com 254 citações no Web of Science e 315 na Scopus, ele tem o "Trends of obesity and underweight in older children and adolescents in the United States, Brazil, China, and Russia", publicado também em 2002 no AJCN. Carlos - parabéns pela merecida homenagem!