sexta-feira, 22 de maio de 2009

Novo índice de concentração proposto por Erreygers é fortemente criticado por Wagstaff

Com o interesse crescente na literatura acadêmica mundial sobre as iniqüidades em saúde, a medida das desigualdades tem sido um tema sempre interessante. Há variadas propostas para medir desigualdades em saúde, sendo que como se pode obter respostas conflitantes sobre a evolução das desigualdades no tempo dependendo da medida que se escolhe, há sempre o perigo de conflito no ar.

A polêmica reacendeu recentemente com a publicação de uma proposta de um índice de concentração “corrigido”, por Guido Erreygers da Universidade de Antuérpia, Bélgica. No paper, “Correcting the concentration index” publicado no Jounal of Health Economics, Erreygers propõe o que parece ser a salvação da lavoura para a estimativa do índice de concentração para indicadores de saúde que tem valores limitados a um determinado intervalo (como, p. ex., variáveis binárias tão comuns na epidemiologia).

Erreygers procurou um indicador, na família de índices baseados em postos, que tivesse algumas propriedades desejáveis, como o índice calculado para déficit nutricional ser o mesmo quando calculado para ser bem nutrido. O índice também é insensível a mudanças de escala da variável.

Em resposta à “correção” de um índice que vem usando e defendendo há tempos, Adam Wagstaff (economista sênior do Banco Mundial) levanta uma série de questões sobre o índice de concentração de Erreygers. Numa troca de comentários recheada de “meu indicador”, Wagstaff aponta que o indicador proposto por Erreygers é essencialmente uma medida de desigualdade absoluta. Ou seja, se todos os indivíduos da população experimentam uma mudança igual (mais ou menos um valor fixo), o novo índice de concentração de Erreygers não se altera. Mas se todos tiverem, por exemplo, um redução de 30%, o índice “corrigido” diminui. Assim como aconteceria com a diferença entre a média dos quintis extremos ou com o SII.

Visto que os usuários de índice de concentração original normalmente estão em busca de um indicador relativo de desigualdade, isto levanta uma questão importante sobre a aplicabilidade da medida proposta por Erreygers. Este, evidentemente, apresenta uma interessante defesa de seu índice. Uma leitura atenta dos documentos é altamente instrutiva!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

UFPel na frente das grandes universidades brasileiras

Tivemos grata surpresa ao tomar conhecimento de um ranking de universidades produzido pelo grupo espanhol Scimago e baseado em dados da base bibliográfica Scopus (hoje utilizada pela Capes na avaliação da pós brasileira). Esse ranking coloca a UFPel em 699º lugar, e primeira entre as universidades brasileiras. Para gerar essa classificação foi utilizado um único critério, média de citações normalizada. Esse critério, conhecido como indicador de Crown, corrige o impacto da produção por área, de forma a ajustar para as conhecidas diferenças de citação em cada área do conhecimento. Foi estudado o período de 2003 a 2007. Um relato mais detalhado do estudo e as listas completas podem ser obtidas no sítio da revista espanhola Magisterio.

No Brasil, a UFPel ocupa a primeira colocação com um índice igual a 1,07 que indica que sua produção científica é citada 7% mais que a média geral. Seguem na classificação a UFSM, a UFRGS e a USP, todos com índices abaixo de 1.

Uma avaliação das citações dos artigos identificados como UFPel na base Scopus, no mesmo período, mostra que a contribuição do Centro de Pesquisas Epidemiológicas é marcante. Oito dos 10 artigos mais citados são do grupo da epidemiologia, tendo eu o orgulho e o prazer de ficar no topo da lista com o artigo "Barros AJ, Hirakata VN. Alternatives for logistic regression in cross-sectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Med Res Methodol 2003;3(1):21. DOI: 10.1186/1471-2288-3-21", que teve até hoje 180 citações. Outros dois artigos são do grupo da biotecnologia, em franca expansão na universidade, contando hoje com curso de graduação, mestrado, doutorado.

Evidentemente, não estou aqui a dizer que a UFPel seja melhor que outras. Mas pode-se dizer tranquilamente que uma universidade pequena e fora da capital pode sim ter uma produção científica de fazer inveja às irmãs maiores.